O Partido Libertários (LIBER) é uma organização política brasileira de tendência libertarista listada entre os partidos políticos em formação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foi fundada em 20 de junho de 2009, em Belo Horizonte.
Membros do Liber, como o fundador Juliano Torres, participaram da fundação da organização Estudantes pela Liberdade (EPL), lançada no Fórum da Liberdade ocorrido em 2012. A organização foi relevante na formação na difusão da tendência libertarista no Brasil, vinculando-se à diversas organizações e institutos, e tendo como 'braço de atuação ideológica e política' o Movimento Brasil Livre (MBL). o EPL é associado e financiado pelo think tank de origem estadunidense Atlas Network.[1]
O Liber possui também um think-thank associado, o Liceu Libertário, tendo por objetivo a atuação libertarista na área cultural.[2]
História[]
Ver artigo: História do Movimento Libertário no Brasil
A ideia de criar o Libertários surgiu em uma comunidade da rede social Orkut, no ano de 2006, em que se discutiu a criação de um partido libertário. Tudo começou com Fernando Chiocca em 21 de Novembro de 2005, criando uma comunidade no Orkut para atrair interessados. A primeira versão do atual LIBER foi o P-LIBER (depois P-LIB), com logotipo, site e diversas propostas feitas pelo Alexsander Rosa. Com o tempo e os debates, as pessoas do Orkut passaram a desenvolver a ideia até chegarem no nome Libertários e novo logo. Visto como solução para o cenário político, o LIBER obteve apoio de anarcocapitalistas, minarquistas, liberais clássicos e objetivistas, como Geraldo Boz Junior e Edu AFO.[3]
Primeira reunião[]
Em 2007 aconteceu a primeira reunião oficial do Libertários (LIBER) em São Paulo, no dia 12 de Agosto, com Filipe Rangel Celeti (conhecido como F) e André Luiz de Freitas Paranhos (conhecido como Presidente, foi o presidente do Libertários-SP quando o partido ainda não havia se registrado). O grupo passou a se encontrar eventualmente num café na Av. Paulista e depois mudou os encontros para o apartamento do André Rufino. Além do Filipe e dos Andrés, Carlo Rocha, Roberto Chiocca, Cauê Bocchi, Ney Fonseca, Guilherme Inojosa e Natan Cerqueira eram os libertários mais ativos na capital paulista. Foi a partir destes encontros que o amigo do Rufino, Bruno Paludo, também aderiu à causa.
Nesta mesma época os libertários de Belo Horizonte passaram a se reunir na casa do Caio Magno. Entre os participantes estavam Juliano Torres, Thiago Guedes, Bernardo Gaetani, Henrique Vicente e Luciana Lopes Nominato Braga. A partir destes encontros, Minas Gerais passou a ser o ponto de multiplicação de novos libertários. Na cidade do Rio de Janeiro os encontros contavam com Bernardo Santoro (que cedia seu escritório para os encontros), Eric Duarte, André Victor Frajtag, Thiago Pinheiro, Pedro Henrique Gonzalez e Tertuliano Soares. Vários libertários passaram a organizar encontros informais e formais em suas cidades.[3]
Fundação e sede[]
No Fórum da Liberdade de 2009, Diogo Costa e o Instituto Ordem Livre juntaram todos os liberais do Brasil envolvidos em algum movimento para planejar ações. Neste encontro foi decidido que o LIBER deveria ser criado em Belo Horizonte. Muitos laços foram criados entre diversos institutos que não se conheciam e um “Dia da Liberdade dos Impostos” foi feito em conjunto naquele ano.
No dia 20 de junho de 2009, um grupo de ativistas fundou o Libertários (LIBER) em Belo Horizonte. Juliano Torres foi eleito Presidente. Permaneceu no cargo até 2011. Na reunião de fundação o debate se deu entre anarcocapitalistas e minarquistas. Após concessões, foram aprovados um estatuto descentralizador e pautado em princípios inalienáveis e um programa moderado.
O LIBER teve seu programa e estatuto publicados no Diário Oficial da União em janeiro de 2010. Sobre o registro, a jornalista Sonia Racy escreveu "era o que faltava" em sua coluna.[3]
Batalha pelo LIBER[]
No ano de 2011 ainda houve a eleição de Bernardo Santoro como presidente do LIBER. Entre os desafios havia discussões internas que iriam desestabilizar o movimento partidário por conta do atrito de alguns membros fundadores. O foco do LIBER deixa de ser expansão para ser profissionalização.
No universo político, o ano de 2012 contou com a participação de libertários nas eleições municipais. Bernardo Santoro concorreu no Rio de Janeiro-RJ e Sidnei Santana em Vitória-ES. Nenhum dos dois foi eleito. Rafael Lemos foi eleito o novo presidente do LIBER em 2013.[3]
Atividades políticas[]
Entre as atividades políticas, realizou manifestação na orla do Rio de Janeiro contra o PNDH 3. Tem participado de fóruns e seminários liberais, como o Seminário de Economia Austríaca e Fórum Liberdade e Democracia, em Belo Horizonte. Além disso, o Libertários organizou e participou de manifestações contra o modelo de concessão dos transportes e pela desregulamentação do mercado. Por defender veementemente a economia de mercado com mínima interferência estatal, o partido é por vezes associado à nova direita.
O Libertários é filiado ao Interlibertarians, associação internacional de partidos e organizações libertárias. e à Alianza Libertária de Iberoamérica.[1]
Passeata contra o PNDH-3[]
No início de 2010, manifestantes do Rio de Janeiro organizaram uma passeata contra o PNDH-3 e a favor da liberdade. Esta manifestação foi a primeira a receber apoio do Libertários. O panfleto de convocação e de distribuição teve texto de Rodrigo Constantino. No Rio de Janeiro, a Globo e a Folha cobriram a manifestação. Em São Paulo a manifestação contou com a presença de partidários do PPS, Integralistas e do Movimento Mudança Já. Com um megafone um partidário do PPS falou e depois os integralistas passaram a usar o megafone. As falas começaram a sair do debate sobre o PNDH-3 e a Paola Morales Cardenas do LIBER se revoltou com os integralistas. Depois que os ânimos abaixaram Filipe Celeti usou o megafone e discursou a favor do indivíduo e contra as panacéias de povo, estado, pátria e outras loucuras ditas pelos outros participantes. Quando os integralistas falaram novamente disseram “filho de bandido vai ser bandido” e que “prostituta não tem dignidade e integridade”. Os libertários se revoltaram e os integralistas foram embora da manifestação.[3]
Marcha Pela Liberdade[]
Ainda em 2011 o LIBER participou da Marcha Pela Liberdade em São Paulo, por conta da proibição da Marcha da Maconha. Apesar de entrevistados por alguns veículos como Canal Brasil e Radio Jovem Pan não foi possível saber se as falas foram ao ar.[3]
Manifestações de Junho de 2013[]
Protesto pela Desestatização do Transporte Coletivo
Libertário no Junho de 2013
Junho de 2013 foi o auge das manifestações. Também foi o marco da participação de libertários nas ruas. Na grande manifestação dos 60 mil de São Paulo, o LIBER organizou uma manifestação pelo fim do monopólio no setor de transportes. As duas manifestações se encontraram e muitos puderam conhecer uma outra forma de pensar a solução para os transportes com a panfletagem e os gritos de “monopólio não, livre mercado é a solução”. A participação de libertários nas manifestações em junho seguiram a agenda de participação iniciada no começo do ano com a manifestação de apoio a Yoani Sánchez em fevereiro. Não apenas em São Paulo, mas em outras cidades como Campinas, Rio de Janeiro, Vitória, Recife e Florianópolis, grupos libertários participaram de manifestações sobre os transportes e de outros eventos como a Parada Gay (cringe).
Neste momento, Florianópolis passa a ter uma mobilização mais consistente com a união de partidários do LIBER, do NOVO, anarquistas e por conta do Liberdade na Estrada e da palestra de Antony Muller na UFSC. Entre os articuladores do movimento na capital catarinense, Eduardo Bellani e Vinicius Gravina da Rocha.[3]
Filosofia Política[]
Ver artigo principal: Libertarismo
O partido defende o libertarismo. Adotando os pensamentos como os de Ayn Rand, Murray Rothbard, e Robert Nozick, porém se distingue no que tange à interferência do Estado na economia. Do mesmo modo, apoia políticas de livre mercado, seu foco ideológico reside nos pensamentos de Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, e Milton Friedman. No que tange ao pensamento econômico, o partido possui grande identificação com a Escola Austríaca e o liberalismo clássico.
No âmbito social e de política cultural defendem tópicos como o fim da proibição de todas as drogas ilegais, liberdade de acesso e porte de armas para defesa pessoal e de propriedade, liberdade de associação e orientação sexual, como a união civil e casamento homoafetivo. Ainda, a abolição de leis que proíbem a prostituição e os jogos de azar. Também posicionamentos contra o serviço militar obrigatório, contra o voto compulsório e contra impostos.
Em entrevista ao Instituto País Melhor, Bernardo Santoro, ex-presidente do LIBER, define o libertarismo como "uma filosofia política baseada nos princípios da soberania individual, não-iniciação da agressão e auto-propriedade. Portanto, para o libertarianismo, o homem é dono de si mesmo, do seu corpo e do resultado da mistura do seu trabalho com a natureza, o que resulta na criação de um sistema jurídico fortemente baseado na propriedade privada e de um sistema econômico baseado no livre-mercado e na livre interação entre indivíduos".[1]
Curiosidades[]
- No final de 2012 o cantor e compositor Lobão manifestou apoio à criação do LIBER, assinando a ficha de apoio e divulgando o partido no Twitter e em seus shows.[3]
- Na edição 172 da revista Roadie Crew, Wagner Lamounier, fundador da banda Sarcófago, ex-integrante do Sepultura e atualmente economista, disse: “acho que radicalismo é uma merda sempre que implica em querer impor aos outros, à força ou por meio de qualquer tipo de retaliação, sua própria visão e/ou opinião sobre algo. Isso se aplica à música, política, religião etc. Sou libertário – conheçam e assinem a petição para o partido LIBER ser criado! – e acredito no valor da liberdade de cada indivíduo escolher para si o que melhor lhe convier”.[3]
- Na cidade de Fortaleza no Ceará foi criado o Grupo de Estudos Dragão do Mar, hoje vinculado ao EPL. Os fundadores foram Raduán Melo, Cibele Bastos, Jeova Costa Lima Neto, Bruno Aguiar e Antônio Mariz. O grupo estudava obras de economia austríaca, organizava os eventos liberais nas universidades locais e atuava como diretório do LIBER.[3]
Veja também[]
Galeria[]
Referências[]
- ↑ 1,0 1,1 1,2 Partido Libertários (LIBER), Wikipédia. Acesso: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Libert%C3%A1rios_(LIBER)> acessado em 04 de Abril de 2023.
- ↑ Liceu Libertário, Wiki Libertária, Fandom. Acessado em 14 de Junho de 2023.
- ↑ 3,00 3,01 3,02 3,03 3,04 3,05 3,06 3,07 3,08 3,09 História do Movimento Libertário no Brasil, Fandom. Acessado em 04 de Abril de 2023.